Quando descobri oficialmente que estava com câncer, a primeira coisa que pensei foi: “E minha mãe? E minha irmã?”. Digo “oficialmente”, pois dentro de mim eu já sabia há um tempo até mesmo a época em que tudo ia acabar. Mas isso é outro papo, outra história. O assunto de hoje é outro.
Meu pai tinha morrido há menos de quatro anos e lá estava eu levando minha família para mais uma montanha russa das mais diversas emoções. Só conseguia pensar nisso. É óbvio que pensava na minha mulher, nos meus amigos, etc., mas somente minha mãe e minha irmã sabiam do que eu estava falando: os quase oito anos de doença do meu pai que não terminaram da maneira que queríamos. Enfim, parece mentira, mas meu estado de saúde era a última coisa que me preocupava naquele momento. Eu tinha certeza que ficaria tudo bem. Dentro de mim eu sentia a força mais incrível que pode existir, era como se eu fosse uma espécie de Joana D’Arc da minha própria França. As vozes que me guiavam iriam me libertar. Graças a Deus eu também tinha a certeza de que não seria liberto da maneira que ela foi... Mas isso eu conto em outras oportunidades.
Uma vez que eu tinha a mais absoluta confiança de que tudo ficaria bem, só me restava uma coisa a fazer: mostrar isso para todo o resto. Convencer as pessoas ao redor de que o que eu sabia não era delírio, animismo, fanatismo ou qualquer coisa do tipo, mas sim uma certeza que vinha do Alto. O tempo foi passando e ia ficando cada vez mais claro que eu falhava nessa tarefa...
A doença foi um grande modificador na minha vida em todos os aspectos. Muda-se 180º após algo assim, é claro. Coisas que antes não valiam nada passam a ser super importantes, e vice-versa. As coisas do Espírito, que sempre me foram muito importantes, ganham ainda mais peso. A certeza de que cada momento só dura um piscar de olhos e que no instante seguinte tudo volta a ficar fora do seu controle é imensa após quase ver a “luz branca”. O problema é convencer as pessoas disso, principalmente durante o processo. Depois que tudo passa, com tempo para analisar as coisas com calma, às vezes acontece de aprenderem tanto quanto você, mas nem sempre é assim, principalmente “durante o vôo”. E é isso que percebo nitidamente hoje: apesar de me transformar, a doença veio para transformar um grande número de pessoas que participavam dela direta ou indiretamente. Eu sempre disse isso aos mais próximos: “Deus me usa como instrumento para a transformação de um grupo de pessoas, e só posso Lhe agradecer pela oportunidade e benção de ficar doente”. Era tido como fanático. Tudo bem, presto contas somente a Ele, não ligo para o que falam. Ligo, sim, se tiver passado um ano inteiro vomitando, sentindo dores, cheio de privações “em vão”. A você, então, que passou tudo comigo, seja lá qual tenha sido seu grau de proximidade, uma pergunta: o que você aprendeu?
Eu aprendi que a vida dura o quanto Deus quiser que ela dure e que se a valorizarmos como deve ser valorizada ela pode durar muito tempo; aprendi que o que não está sob nosso controle não deve nos causar inquietação, pois foi pra isso que um homem morreu pregado há 2000 anos: pra nos ensinar a ter fé; aprendi que viver com o suficiente é mais do que suficiente e que a vida deve ser aproveitada ao máximo, pois nunca se sabe quando ela pode acabar. Aprendi mais um montão de outras coisas, mas estas são as mais importantes. Eu acho...
Viver fica diferente depois que se escapa de uma dessas, quem escapou sabe do que estou falando. Tudo muda de contexto e o foco que se dá às coisas muda completamente. Os objetivos traçados antes não são necessariamente mais os mesmos traçados depois. As coisas das quais gostávamos antes não são mais as mesmas, e o mesmo ocorre com as que não gostávamos. Tudo muda, o mundo muda, o interior muda, o destino muda. Em mim só não mudou uma coisa: a preocupação com o dever cumprido. Se minha doença foi para modificar os que estavam ao meu redor, pergunto: consegui? Ou melhor, Deus conseguiu através de mim? Se sim, ótimo, se não, só lamento. Eu mudei e sei pra onde vou, e você?
Meu pai tinha morrido há menos de quatro anos e lá estava eu levando minha família para mais uma montanha russa das mais diversas emoções. Só conseguia pensar nisso. É óbvio que pensava na minha mulher, nos meus amigos, etc., mas somente minha mãe e minha irmã sabiam do que eu estava falando: os quase oito anos de doença do meu pai que não terminaram da maneira que queríamos. Enfim, parece mentira, mas meu estado de saúde era a última coisa que me preocupava naquele momento. Eu tinha certeza que ficaria tudo bem. Dentro de mim eu sentia a força mais incrível que pode existir, era como se eu fosse uma espécie de Joana D’Arc da minha própria França. As vozes que me guiavam iriam me libertar. Graças a Deus eu também tinha a certeza de que não seria liberto da maneira que ela foi... Mas isso eu conto em outras oportunidades.
Uma vez que eu tinha a mais absoluta confiança de que tudo ficaria bem, só me restava uma coisa a fazer: mostrar isso para todo o resto. Convencer as pessoas ao redor de que o que eu sabia não era delírio, animismo, fanatismo ou qualquer coisa do tipo, mas sim uma certeza que vinha do Alto. O tempo foi passando e ia ficando cada vez mais claro que eu falhava nessa tarefa...
A doença foi um grande modificador na minha vida em todos os aspectos. Muda-se 180º após algo assim, é claro. Coisas que antes não valiam nada passam a ser super importantes, e vice-versa. As coisas do Espírito, que sempre me foram muito importantes, ganham ainda mais peso. A certeza de que cada momento só dura um piscar de olhos e que no instante seguinte tudo volta a ficar fora do seu controle é imensa após quase ver a “luz branca”. O problema é convencer as pessoas disso, principalmente durante o processo. Depois que tudo passa, com tempo para analisar as coisas com calma, às vezes acontece de aprenderem tanto quanto você, mas nem sempre é assim, principalmente “durante o vôo”. E é isso que percebo nitidamente hoje: apesar de me transformar, a doença veio para transformar um grande número de pessoas que participavam dela direta ou indiretamente. Eu sempre disse isso aos mais próximos: “Deus me usa como instrumento para a transformação de um grupo de pessoas, e só posso Lhe agradecer pela oportunidade e benção de ficar doente”. Era tido como fanático. Tudo bem, presto contas somente a Ele, não ligo para o que falam. Ligo, sim, se tiver passado um ano inteiro vomitando, sentindo dores, cheio de privações “em vão”. A você, então, que passou tudo comigo, seja lá qual tenha sido seu grau de proximidade, uma pergunta: o que você aprendeu?
Eu aprendi que a vida dura o quanto Deus quiser que ela dure e que se a valorizarmos como deve ser valorizada ela pode durar muito tempo; aprendi que o que não está sob nosso controle não deve nos causar inquietação, pois foi pra isso que um homem morreu pregado há 2000 anos: pra nos ensinar a ter fé; aprendi que viver com o suficiente é mais do que suficiente e que a vida deve ser aproveitada ao máximo, pois nunca se sabe quando ela pode acabar. Aprendi mais um montão de outras coisas, mas estas são as mais importantes. Eu acho...
Viver fica diferente depois que se escapa de uma dessas, quem escapou sabe do que estou falando. Tudo muda de contexto e o foco que se dá às coisas muda completamente. Os objetivos traçados antes não são necessariamente mais os mesmos traçados depois. As coisas das quais gostávamos antes não são mais as mesmas, e o mesmo ocorre com as que não gostávamos. Tudo muda, o mundo muda, o interior muda, o destino muda. Em mim só não mudou uma coisa: a preocupação com o dever cumprido. Se minha doença foi para modificar os que estavam ao meu redor, pergunto: consegui? Ou melhor, Deus conseguiu através de mim? Se sim, ótimo, se não, só lamento. Eu mudei e sei pra onde vou, e você?
9 comentários:
Caraaaca maluco!
Meu... o que é sensacional nesse post é vc mostrar uma visão verdadeira de quem consegue enxergar que os propósitos de Deus vão além do que é visível e palpável. Muitos se entregam, ou reclamam da vida até por problemas muito menores e não enxergam isso.
O que vc passou é uma situação que creio ser impossível não aprender algo, principalmente quem está ao redor, acompanhando. Pra não aprender, seria preciso ter mente e coração muito duros, e com muralhas fortes e impenetráveis... O que é muito triste (para a pessoa em questão)
Uma pessoa sábia enxerga além, em situações extremas como a sua, e em situações sutis. Saber aprender com experiências pessoais e com a experiência de outras pessoas é um grande sinal de sabedoria, e humildade (que é qualidade dos sábios)
Parabéns pelo post, pra mim serviu sim! Abraço!
Olá Leandro
Com certeza mudamos também. A vida é cheia de surpresas, descobertas e a doença cataliza nossos aprendizados.
Parabéns pela sua trajetória e pelo sucesso obtido!
Conte com a minha amizade!
Beijos pra vc, pra Yviana e toda a sua família!
Faby
Eu torci muito por vc, mas, por dentro eu já sabia que tudo daria certo! Juro
Tu é foda. Tem que ter muita força pra suportar tudo isso... e vc superou o cancer, e fez, pelo menos eu, dar muito mais valor as pequenas coisas da vida!
Abraços ... to te devendo ir ae pra gravar aquela batera! :D
Realmente precisamos de um "divisor de águas" para nos fazer encarar nossa vida de uma forma mais clara e objetiva. Desconhecia esse assunto, mas coloc-me à disposição para tentar passar a mensagem adiante...vale a pena uma reflexão de todos.
Como mãe, sofri muito, mais também sempre acreditei na sua cura.Você foi um herói durante todo o período da doença, se mostrando forte e muito corajoso até para que a minha dor fosse menor. isso você não conseguiu.rsrsrsofria muito mais tentando procurar dar a você o que tinha de melhor dentro de mim.Eu aprendi muito na sua doença; hoje existe uma Ivanira ante da doença e outra depois, graças a Deus para melhor, tenho certeza disso.Infelizmente aprendemos mais com a dor.Que Deus te abençõe sempre meu filho.Te amo muito.Que as pessoas reflitam muito com as suas palavras.Bjs
não sei se mudei, acho que essas coisas são para serem identificadas por aqueles que estão ao nosso lado e percebem ou não a mudança. Sei que vi mais uma vez como Deus pode ser bom para nós, como Ele é sempre perfeito para mim e por isso tento sempre ser algo de bom para os outros, pois só assim posso pelo menos tentar merecer todas as bençãos que Ele derrama diariamente em nossa família.
Você foi e sempre será um campeão. Te amo!
Leandro, meu sobrinho e afilhado, sempre soube que vc venceria essa luta, e venceu. Vc é valente e corajoso, amigo e leal, uma pessoa justa e companheira. Ter vc em nossa companhia, é uma glória. Continue sempre assim, com esse espírito crítico, sensível, e muitas vezes hilárico(adoro seus comentários nas fotos rsrsrs). Vc é o cara!!! Amo vc!!! Beijos!!!
Então Leandro, falar sobre esta fa se de sua vida é realmente gratificante pois pudese constatar que vc, de alguma forma, tinha absoluta certeza da cura. Quando soube e conversei com sua mãe fiquei arrasada. Precisei de alguns dias pra me encher de coragem e ligar pra vc. Quando finalmente venci o bloqueio e liguei não entendi nada pois vc falava de sua doença como quem fala de algum projeto que apresentou um contratempo mas que já estava sendo resolvido e logo tudo estaria resolvido. Nossa, aí eu já não sabia se sua mãe estava exagerando ou se estavam escondendo alguma coisa de vc. Bem, acompanhei todo seu tratamento, os altos e baixos, os exames, a quimio e falava com sua mãe, que sofrida com tudo que passou com seu pai somando todas as perdas recentes pelas quais passamos, carregava muita dor e muito medo de perder vc também. Foi um periodo muito dificil pra todos nós, já tão calejados, tão massacrados pela saudade daqueles que nos deixaram tão bruscamente.
Só posso dizer que a única pessoa que me tranquilizava e me passava a mais absoluta certeza da cura era voce. E eu passei então a acreditar que vc ficaria aqui entre nós,de alguma forma vc tinha conhecimento disso. Nem os médicos tinham certeza mas vc sempre teve.
Então primo, como já havia percebido e sentido antes, sua espiritualidade fez toda diferença e Eles certamente te iluminaram e te deram muita paz pra lidar com todas as dificuldades dos efeitos colaterais que vem junto com o pacote do tratamento com quimio. Pra mim não foi surpresa e sim uma constatação. Beijos...da prima Eliane
Relendo meus emails para fazer uma limpa geral,deparei com esse seu pedindo para ler esse do seu "renascimento".Passou tb. um filme em miha cabeça, por todo esse periodo, e, definitivamente vc. fez por onde merecer renascer!Acho que todos cumpriram suas tarefas. Desejo que estejas feliz,cada dia mais,e saiba que, mesmo longe(involuntariamente),estarei fazendo parte dessa torcida.Fique com DEUS!
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